O Amor Renascentista da Infância
Nos alicerces opacos do arco-íris dos meus rancores,
Abandonado no colo das multidões surdas da Solidão,
Eu brado o silêncio algoz e fiel de meus temores
Que permaneciam acesos nas grutas insanas de minha escuridão.
Eu acordo ainda aprisionado dentro de mim mesmo,
Neste câncer terminal de contaminar-me sendo quem eu sou;
Até quando permanecerei neste eclipse infindável a esmo?
Vagando nos labirintos do Sentir nesta alma que me aprisionou...
O que houve comigo, por que me perdi, quando, como?
Nos símbolos interrogativos que emanam de tudo
Fui o óvulo cósmico fecundado pela genitália do Absurdo,
Sou as aberrações e as monstruosidades de tudo o quanto somos.
Quem me dera puder ser quem vocês queriam que fossem meus eus,
E não ser atualmente este esterco metafísico que me tornei;
Não me façam mais perguntas, as explicações eu já abandonei;
Pois minha alma foi enxertada na árvore da Dúvida semeada por Deus.
Meus olhos não me reconhecem mais, minhas lágrimas choram por mim;
Mas ao teu lado renasce a criança que fui meu poético sobrinho,
Por mais que te ame, não me sucumbe as sensações de ser sempre sozinho,
Mas o amor ígneo que raramente expresso por ti jamais terá fim.
Gilliard Alves Rodrigues