Cavaleiro Sombra
Cavaleiro estranho
Cortando turvo o vau dos rios
Estreitando o espaço
Entre a noite e a solidão;
Vaga, sem lume e sem candeia
No vento negro e sombrio
Das paragens recônditas
De almas sem fé;
Na tensão dos fios gélidos
Estremessem de temores
Os filhos do medo.
Quanto degredo no breu
Quando ele passa!
Que mundo sem cor que ele veste;
Tão perto de paredes
Que separam gemidos
Os quais nunca se saberá
Se é de prazer ou de espanto.
Ele sonda, sabe-lá o que quer...
Será que tem sede de lua?
A escuridão lhe cai tão justa
Que parece que não;
Nunca vê a claridade
Nem desfolha o mal-me-quer;
Talvêz seja um amor perdido
Coração desiludido
De traição de mulher.