Atos de paz

Desde quando se ater aos fatos torna a vida mais suave?

Mal sabia eu que, quando em paz pensei, em paz nunca estive

Toda rocha que diz “não!”, mesmo quando atravessada, solidifica-se em parte na alma

Novamente, prometendo angústia ... e até promovendo-se aos pares de mim

Outros Eu’s que, em mim, em negro tom, matam com a facilidade do respeito negado

E me cobram sempre

Trabalhos inversamente proporcionais ao conforto

Um surto controlado por dia

Onde se compra ar, se troca amor, se vive denso

E no controle está sempre a falta de algo ... daí a mescla

Daí eu choro

Mas não mais que antes

Penso eu, mas não quero mais pensar em paz

Assim como é célebre o culto ao homem bom

Ou o mau homem, que, de tão mau, virou comum

Pois é assim que funciona, e é assim que maltrata

E o comum agora é bom

E eu?

A prova maior de força é a força que não se usa

E olhe que a covardia é uma palavra de dois gumes

Que noite quente, meu Deus

Que dias difíceis.

Daniel Sena Pires – Atos de paz (28/09/2011)