A ESPERA
Como sentinela
na frente do portão,
garoa fina que congela
e molha todo o chão.
Noite escura e sombria
embalada pelo uivar do vento,
um olhar que irradia
um misterioso pensamento.
Sua espera cansa,
e seus pés adormecem.
Nos cabelos, uma trança
que as vestes umedecem.
Mãos frias e trêmulas
se beliscam no tempo,
e os lábios frêmidos
buscam alento.
Cansada, desiste
e do portão se esvai.
Hoje não mais existe
e novamente se retrai.
Despida das roupas e dos sonhos,
na cama, se deita e adormece.
Seu semblante é tristonho
e por horas do seu amor esquece.