Sono Ingrato
Não posso dizer que tenho tudo,
Certamente alguma graça ainda não chegou,
Busco conceber talvez esse devaneado louvor
Para que meu viver não seja mudo.
Vendavais atiram para longe minha voz
E sua essência se perde em meio às folhas de outono,
Meu despertar é sonho em meu agitado sono
E a poeira que varre meu destino é insensato algoz.
A fuligem que massacra essa impiedosa desventura
Corrói minha ansiedade que infinitamente dura
Num palco vazio adornado pela solidão...
Não há antídoto que dilua lúgubre retrato,
Então sigilosamente durmo e deixo a existência de lado
Enquanto envolto em flores desce à sepultura meu coração!
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