As Miragens

No mar inquieto, negro e severo

Meu barco navega, friamente

Ao sabor do vento, das ondas

Em canções de ninar, encantar

Ele apenas balouça, duramente

Entre tempestades organizadas

Embalando os pobres marinheiros

Rasga trovoes faíscas, ondas gigantes

E minha nau lá vai se desgastando

Entre tormentos, segredos e sonhos

O negro azul se funde com a escuridão

Poderosas nuvens, como elas se aproximam

Parecem algas destrutivas e demoníacas

Já não sei se meu barco balança, ainda?

Nem mesmo se ainda sinto a tormenta

Apenas escuto as vozes de anjos aflitos

Entre cantos encantados, serão as sereias?

Serão dos cantos do dia final, do julgamento?

Não sei quem eu sou mais, não sei mesmo

Serei arvore, serei água, serei apenas o vento?

Não sei, meu corpo já me rejeita, apodreceu

Minha alma deveria estar límpida e calma

Seu ser apenas deveria subir até as estrelas

Brilhar bem lá no alto, trazer seu manto de amor

Navegar por firmamentos, ser a luz e a esperança

Mas não eu não sou mesmo, apenas uma nau

Que vai balouçando, lentamente tristemente

Não me condenes, oh! Simples mortal, Não!

Entre as minhas miragens, eu vou rumando

Lentamente e ao meu real porto seguro...

Betimartins
Enviado por Betimartins em 18/09/2011
Código do texto: T3226839
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