Pena Miudinha

Que tristeza é essa em minha porta?

Sentimento de canária sem voz veloz,

dós, remi, sós, hoje não há sol nenhum.

Pra lá, pra lá, baixinho sofrer, sofrer.

Onde eu vou conseguir o canto?

Onde eu vou cantar meu manto?

Não sei dizer, nada dizer...pronto.

O pano é verônica, é santo.

A mágoa escura chora milagre.

Que tristeza é essa em minha porta?

Uma letra virando morta, torta, horta.

A chuva me faz crescer, reter.

Fiquei miudinha, grão de milho, grão.

Sou toda assim pouquinha e rocinha.

De que vale a transformação de tudo?

Ainda sou as notas profundas do mar,

navegando braços da onda da solidão.

Pra lá, pra lá: dó re mi só sou só.

Sou a tristeza mais vaga da pena canção.

Neusa Azevedo
Enviado por Neusa Azevedo em 15/09/2011
Código do texto: T3220568