Setembro negro
Rompia o céu a chuva cinza
Pretejando a alva alma
Cambaleando ia o pobre nu andando
Sem fala, afobado, porém com calma.
Os granizos negros quebravam os vidros
E as aves se precipitavam
Então, houve o medo do amanhã.
A esperança se prostituiu com a vergonha
E o corcunda sangrou solitário na calçada
Misturando maquiagem com a cinza chuva
E tudo se resumiu em gargalhadas.
Tempestuoso era o vento daquele mês
Que abalava a casa mal feita
A xepa podre dada na feira
Que o corcunda saboreava a beira.
Era setembro negro
Negro setembro
Cruzando o caminho da cruz
Finalmente morto, ele pode ver a luz.