TALVEZ

Certamente errado
Anjo torto desalado
Nem puro nem impuro
Solitariamente distante
Sem saber que fazer
Com esse eu inconstante
Na enigmática trilha
Com esse medo do futuro
Com o noturno tão escuro
Que açula a matilha
Faz o estranho acontecer
Deixa a alma avessa
Amor? no meu instante
É um prisioneiro
Entre o impar e o par
Dor de poeta
Doce ilusão de janeiro
Um labirinto de Creta
Um adeus calado
A qualquer farol do mar
E nem um lágrima desce
Para lavar o meu semblante
Nem uma estrela oferece
Consolo para o meu coração
Talvez não amanheça
Talvez não haja redenção.