TIRANIA DO CIÚME
Por vezes é falta de sexo...
Noutras ausência de nexo
Doutras é muito complexo
O coração acelera
Não existem primaveras e
Tudo é rarefeito!
Dói uma estupidez aos dois
Do portador ao receptor
É doença pior que câncer
Porque corrói e destrói a alma...
É incolor e inodoro
Vê-se em todas as idades
Desde o tenro berço,
Já instiga cedo à maldade.
Bagunça tudo e te tira à calma
Mata por dentro, ao lado, lá fora...
O ciúme é irmão gêmeo da inveja
Mescla aos piores sentimentos.
Derrama a água na face,
Embaralhando os pensamentos.
Esconde-se no pecado da soberba
Tem parentesco com a arrogância
Pouca dosagem é tempero do amor
Está no masculino e no feminino
Alojado na desconfiança e incerteza
Junto consigo traz seu primo possessivo
Que aprisiona e deforma o amor
É insano, medíocre, maledicente, perverso...
Pelo que se sabe não se encontra
Nos estados vegetais e minerais
Ninguém está livre desse mal...
Mas ao se instalar é temporal
Brota tal erva daninha nos campos de girassol
Vai torcendo as entrelinhas...
Coloca o amor no banco dos réus
Vai turvando a visão, causando tirania!
Troveja! Lampeja! Esbraveja!
Invade o outro... Fraqueza!
Ultraja à sua privacidade
Não existe em cores... É nefasto!
Tudo fica cinza e vira trevas!
E o caminho suave se transforma em espinhos...
Estupra à tua consciência
Só se percebe num relance
No lance sutil ou passional
E faz estragos à cabeça!
Faz demanda para a própria sorte
Não existe altivez, somente embriaguez...
A solidão toma conta do seu coração
A tristeza emoldura este tormento
Quando aparece depressa.
Ou até mesmo sem pressa...
Não se descobriu a vacina
Cega! E não há vigília. Segue, espia e sufoca...
Coloca em xeque mate e põe tudo a perder
Não deixa respiro e bate forte, destruindo tudo!
Revirando o bem querer, aciona o destruir.
Use do culto da auto-estima!
Estimule a criar-se grupos de ajuda
Para este tipo de paciente indolente
Que perambula por aí demente
E quando pensa que dominou a situação, que está curado...
Com sorriso tosco e assombrado de desgosto
Ressuscita novo fantasma que o persegue.
Fazendo tanto mal pra si e pra gente...
Ensinar ao relapso a confiança no taco
Haja tolerância... Paciência... Clemência
Para suportar a inchação do saco
Que sem dó estrangula a contento o amor do momento...
Encerrando qualquer relacionamento.
Pairando no ar a fumaça de dor e destruição.
Duo: Hildebrando Menezes e Luciana Rocha