Assombro - II
E quantas e quantas vezes
Será preciso lutar
Para ver se consigo
Por uma noite descansar...
Vozes ecoam na minha cabeça
Choro preso na garganta
Lágrimas se prendem dentro de mim
Meus olhos refletem o desespero
Tudo o que sinto São ferroadas de dores que já tentei esquecer
As feridas vão se abrindo pouco a pouco
Já não sei se meu coração vai suportar
Ele não aguenta mais ser quebrado
Anseio tantas vezes a morte
Procuro uma forma de escapar
Um vazio se preenche em meu peito
Sinto que muitas vezes o ar vem a me faltar
Horas gastas no ponteiro do relógio
E imóvel me espanto com meu estado
Sanidade não me resta mais
Anos e anos foram perdidos por um sofrer
Que já doeu tanto
a ponto de não mais doer
Soluços agora vão dando vida ao silêncio
Dentro de mim a vida chora
A ausência de um hospedeiro com fé no futuro
Sobre a mesa uma foto me olha
Sinto naquele olhar tamanho desprezo
E sob a luz do abajur
Me entrego aos seios da solidão
Repouso minha cabeça no travesseiro
E me entrego a um desespero sem fim