Sina
Sinto-me imensamente só,
Disputando espaços da casa com insetos vagabundos
O corpo já não sente nada, só a alma calejada quer gritar a todo o mundo
Perdi a língua e a vontade, perdi o rumo da verdade
Há cegueira em meu caminho, nem os olhos do passarinho
Me deixam mais distraída
Subtraída, assim serei
De agora em diante
Boba da corte de qualquer rei
Que me engane com qualquer falso diamante
Enquanto em nada me encaixo venderei tudo que tenho
Pernas para os que precisam, eu as vendo com empenho
Para que em jogo de sedução seja o melhor o desempenho
Vendo braços pras carícias
Vendo abraços e delícias
Vendo ideias a qualquer custo
Vendo o colo, vendo o busto
Vendo até a dor aguda
Vendo até o que não muda
Vendo a sina, a rotina, minha alma de menina
Vendo tudo e me rendo
Pois desse mundo horrendo eu já não quero mais nada
Nada, nada, nada...