Desamor

Bem vindos à selva dos desamores,

ao grupo dos solitários acompanhados,

aqueles que tentam enganar a si mesmos,

aqueles que guardam mais dores que amores,

aqueles que sonham o pesadelo de cada noite,

aqueles que esperam a desesperança de cada manhã,

os tristes de espírito e coração partido,

os insanos por opção e evolução histórica,

os aflitos nas tempestades de seus interiores vazios,

os loucos em sua covardia indômita,

aqueles que não conseguem enfrentar a realidade,

aqueles que renegam a si mesmos por medo da verdade,

vivendo mentiras corrosivas de suas almas,

bem vindos ao baile dos pés esquerdos que não sabem dançar,

bem vindos ao show dos músicos sem cordas em seus violinos,

bem vindos à queda dos anjos que perderam suas asas nos erros,

são os palhaços de uma comédia sem risos ou aplausos,

são os atores de uma peça sem roteiro ou final feliz,

são as folhas de uma árvore seca em pleno outono,

são a escuridão medrosa do lado oculto da lua,

são os rabiscos na tela sem tinta de uma vernissage sem público,

bem vindos ao palco daqueles que gritam para não serem ouvidos,

bem vindos à praia de submarinos encalhados em areia movediça,

são os esquecidos que abdicaram de sua salvação ao destino,

são aqueles que agora apenas observam o movimento das marés,

esperando dissolverem-se na água salgada do mar profundo...