CINZEL SOLIDÃO
Detalho o teu rosto com o cinzel da imaginação,
Entalho as formas singelas o que ainda me vem,
Madeira etérea, bruta que surge na minha ilusão,
Guardada figura na mente e meu coração refém.
Pequenos rasgos e que rasgo dessa alma madeira,
Moldando na forma sonhada, dentro, em segredo,
Capricho. Encanto de um artista em obra primeira,
Louco ao vê-la pronta ainda que machucados fê-los.
Terminada obra alegria pela comovente perfeição,
Tristeza, pois mesmo que perfeita não é verdadeira,
Movido, agora, por mórbida e estupida desilusão.
Em se desfazer da imagem pensa, apenas cogita,
Divide em nada ter de quem ama ou imagem ligeira,
Solidão de artista, solidão de quem ama. Solidão que agita.