POEMA DO SILÊNCIO

Enquanto calo sob o doce abrigo da paz que faz guerrilha

Eu observo a matilha alimentando-se do pão carnal desfigurado

Amargurado qual deportado em banimento à mais longínqua ilha

No peito a quebrantada vasilha, vazando rios do passado!

Não me é dado o direito de em praça pública esvair-me em confissão

De sorte que me resta a procissão com seus andores profanos

E os esclarecedores enganos abrindo os olhos pra deter minha visão

Com tão humilde presunção, que penso em vão nos iludidos planos!

Taxado por solene insignificância, aplaudido e festejado como um réu

Infernizado pelas digitais do céu, que vez em quando me visitam sem vir

Pronto, como sempre estive, pra partir ao léu

E para tirar o chapéu, em desagravo ao pranto que convidou-me a sorrir!

Aqui prossigo, voando nos suores desse chão, nas nuvens da agonia

Dialogando com a minha poesia, ouvindo os ecos do silêncio

Pois o vazio é tão imenso que só a perda de todo senso lhe preencheria

E sua guerra venceria, precisamente por achar-se de tal modo indefenso!

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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 26/08/2011
Reeditado em 26/08/2011
Código do texto: T3183001
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