O QUE DIREI PARA QUEM EU FUI?
Que vou dizer ao farto sorriso tão brutalmente silenciado?
Que agora tudo está mudado e a dianteira paga o preço da retaguarda?
O que não sofre certamente nada guarda, mas quem perdeu vê outro quadro
No qual ainda está pintado o drama de uma alma fraturada!
Quem disse que a cura elimina a herança de uma cicatriz?
O que ao bom senso condiz, nem sempre é cúmplice da mágoa
Tal com o mar que todo dia se deságua e como a mais robusta raiz
Existe a dor que não consegue ser atriz e existe um tudo que se sente nada!
Então como farei para apagar as cenas vivas da sublime devoção?
O que direi à minha mão, que te tocou como quem tece o infinito?
E como silenciarei o grito que no tempo viajou sem o alento do perdão?
Como arrancar de mim essa prisão, que exige paz em troca do conflito?
Talvez seja melhor falar com quem serei e abraçar meu tempo afortunado
Adotando de bom grado a liberdade para edificar minha reconstrução
Banhar nos rios do perdão, tentando afogar a injustiça do passado
Que sempre será lembrado em meu silencioso coração!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor