O QUE DIREI PARA QUEM EU FUI?

Que vou dizer ao farto sorriso tão brutalmente silenciado?

Que agora tudo está mudado e a dianteira paga o preço da retaguarda?

O que não sofre certamente nada guarda, mas quem perdeu vê outro quadro

No qual ainda está pintado o drama de uma alma fraturada!

Quem disse que a cura elimina a herança de uma cicatriz?

O que ao bom senso condiz, nem sempre é cúmplice da mágoa

Tal com o mar que todo dia se deságua e como a mais robusta raiz

Existe a dor que não consegue ser atriz e existe um tudo que se sente nada!

Então como farei para apagar as cenas vivas da sublime devoção?

O que direi à minha mão, que te tocou como quem tece o infinito?

E como silenciarei o grito que no tempo viajou sem o alento do perdão?

Como arrancar de mim essa prisão, que exige paz em troca do conflito?

Talvez seja melhor falar com quem serei e abraçar meu tempo afortunado

Adotando de bom grado a liberdade para edificar minha reconstrução

Banhar nos rios do perdão, tentando afogar a injustiça do passado

Que sempre será lembrado em meu silencioso coração!

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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 23/08/2011
Reeditado em 23/08/2011
Código do texto: T3177074
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