ODE À MEDIOCRIDADE
Coisa mais estranha é se olhar o céu,
e sentir-se um mero ponto solto ao léu,
empurrado por um turbilhão - revel!
Loucura é olhar acima a imensidão,
e ainda assim deter a pretensão
de haver sentido em meu trajeto vão...
Que sensação de louca nulidade!
Noção de inteira mediocridade
em que eu sou, ou não, na eternidade!
Como pensar que faço algum sentido?
Nesta infinitude, um átomo perdido,
fugaz, qual sopro desaparecido...
Coisa estranha é olhar o céu sem fim!
Coisa estranha é pensar, mesmo assim,
que há razão, ou algum motivo em mim...
Rio de Janeiro, dezembro de 1984