Ai, Senhor de todas as mordaças, retira a minha.
Deixa que eu fale, grite, me estremeça
no desespero vão de ser tão só.
Mordaça minha, dona dos nãos,
imortal fera que me come os gestos,
palavras e anelos
até o mais doloroso silêncio:
desde este dia, de agora,
tão, mas tão vazias descubro estas mãos,
que nem a prata toda dos risos,
o ouro global dos abraços
e a brisa frisal dos murmúrios
as encherão de um sincero bem.
És, portanto, inútil, mordaça minha.
Absolutamente nada --- já nem digo ninguém ---
de mim se enternece, mãos abertas, mãos.
Deixa que eu fale, grite, me estremeça
no desespero vão de ser tão só.
Mordaça minha, dona dos nãos,
imortal fera que me come os gestos,
palavras e anelos
até o mais doloroso silêncio:
desde este dia, de agora,
tão, mas tão vazias descubro estas mãos,
que nem a prata toda dos risos,
o ouro global dos abraços
e a brisa frisal dos murmúrios
as encherão de um sincero bem.
És, portanto, inútil, mordaça minha.
Absolutamente nada --- já nem digo ninguém ---
de mim se enternece, mãos abertas, mãos.