Meu sertão
Vejo-me
coberta
por essa poeira vermelha
A seca me assola
e por todos os lados
tamanha é
a minha desolação
A escassez
de palavras perenes
Deixam os olhos
rasos d’agua
A alma
teima em percorrer
a aridez de um sentimento
que aos poucos
tornou-se inerente
Presentes hoje
nos sulcos de minha face
apenas as marcas
deixadas pelas lágrimas
No meu sertão
Até a asa branca
bateu suas asas e voou
para bem longe
bem longe
do meu coração
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Asa Branca
Luíz Gonzaga
Composição: Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira
Quando "oiei" a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de "prantação"
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
"Intonce" eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus "óio"
Se "espaiar" na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração