ALMAS FRACASSADAS
ALMAS FRACASSADAS
Já fui uma partícula e até o todo
Rastejei-me, levantei, andei e até voei
De semente cheguei ao fruto
Meu mundo traz você como dádiva
Uma pena! Nosso amor não mais existe
Ah! Quanta lágrima derramada por nada
Somos atropelados por seus sermões
Seu amor se veste de cinismo
Meu coração carente grita por você
Não sei o que devo fazer
Meus desejos queimam em solidão
Agora nosso mundo é translúcido e irreal
Nossa estrada não leva a lugar nenhum
No teu beijo escuto os teus sinais
Átomos de saudade rasgam-me
Flui em mim um rio de felicidade
Teus olhos anunciam desprazer
Nossa vida é um sofrer sem razão
Duas pessoas erradas
De almas fracassadas
Hoje somos como flores de papel
Não somos mais os mesmos
Nosso amor é coisa miúda
É subtração de zero à esquerda
Não engolirei sapos nem afrontas
Não confessarei culpas nem erros
Tão pouco choro desculpas esfarrapadas
Levo o jogo sem loucura, na brincadeira
Fico desequilibrado, quase maluco
Sinto-me um rato num beco sem saída
Ao amanhecer voaremos para muito longe...
Quero salvá-la de um futuro dormente
(abril/1983)