Um Homem
Vi um homem, num canto, deitado
Enrolado em seu lençol de jornal.
Parecia um objeto qualquer atirado
Para os passantes parecia banal.
Não se sentia parte do mundo
Tampouco dessa sociedade.
Foi rebaixado a pobre moribundo
Privado da vida e da dignidade.
Estava maltrapilho, banhado em sujeira
Sentia-se tratado como um animal.
É raro achar alguém que o queira
Tratá-lo como um irmão, um igual.
Seu corpo demandava alimento
Seus olhos esmolavam esperança.
Para muitos não passa de um tormento,
Uma odiosa e vergonhosa lembrança.
Vi um homem condenado a subsistência
E sem ninguém disposto a ajudá-lo.
A ele só resta o exercício da paciência
Até que os anjos resolvam levá-lo.
*2011