Um Homem

Vi um homem, num canto, deitado

Enrolado em seu lençol de jornal.

Parecia um objeto qualquer atirado

Para os passantes parecia banal.

Não se sentia parte do mundo

Tampouco dessa sociedade.

Foi rebaixado a pobre moribundo

Privado da vida e da dignidade.

Estava maltrapilho, banhado em sujeira

Sentia-se tratado como um animal.

É raro achar alguém que o queira

Tratá-lo como um irmão, um igual.

Seu corpo demandava alimento

Seus olhos esmolavam esperança.

Para muitos não passa de um tormento,

Uma odiosa e vergonhosa lembrança.

Vi um homem condenado a subsistência

E sem ninguém disposto a ajudá-lo.

A ele só resta o exercício da paciência

Até que os anjos resolvam levá-lo.

*2011

Marcelo Nunes
Enviado por Marcelo Nunes em 14/08/2011
Reeditado em 06/10/2013
Código do texto: T3158807
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