WHISKY OU CACHAÇA: O ÓPIO
É até engraçado, se não fosse triste
Como as coisas se embaçam
Como se a volta não fosse possível
Assim é a embriaguez da vida
Se não triste horrível
Buscamos ópio, mas meu desatino
Sempre e sempre a lucidez
Sempre contido e lúcido a cada passo
Mesmo trôpego eu sei
Onde ando, o que faço
Não há Whisky ou cachaça
O remédio é sempre à vida
Contida ou expressa
Por atos e palavras
Sou sempre eu por trás da cortina
E como dói a vida...
E os saberes que esqueço
Se tornam pesos
Mesmo soltos ou agora presos
Me contém na amarga lida...
Parece maldição...
Ou como dizem os entendidos:
“Uma benção” (...)
“Só sei que tudo sei”
Mesmo à embriaguez
Sou eu e eu na mesma vida
Choro não adianta,
É por dentro o pranto perdido
E mesmo quando digo:
Só importa a mim,
Vem um estranho conhecido
Me traz de volta velhos rostos
Entendimentos escondidos
Não tem jeito, a lucidez
Me traz de volta a vida
E me traga desejos, anseios...
De novo à vida.