NEBLINA

Se não consigo enxergar além,
eu calo
e procuro não pensar
no espinho que me fere.
Sigo com minhas dores,
sigo sozinho sempre:
de algum modo,
a neblina sumirá
e verei o sol de novo.

Estendo as mãos,
sinto a gota de uma chuva
de dias antigos
gelando-me a pele.
Sigo com meus limites,
sigo sem enxergar:
o chão diante de mim
esconde crateras.
De algum modo,
não cairei.

Não há o que cantar,
não há o que chorar.
Sigo silencioso
entre as colunas
do não-ver.