POUCO A POUCO


"O homem é mortal por seus temores e imortal por seus desejos"
(Pitágoras)


Chove outra vez,
Nuvens baixas, escuras,
Envolvem o meu agora,
Dá uma vontade,
De romper com a lucidez,
Com essa amargura,
Que em mim se esconde,
Me perder ou me encontrar,
Na imensidade,
Ir embora...
Sem saber pra onde.
Dá uma vontade,
De desafiar as trovoadas,
Os relampejos,
O sopro do vento,
Dançar na tempestade,
Sentir na face os seus beijos,
Sentir a alma lavada,
Livre... sonora, senhora
Dos sentimentos.
Da uma vontade,
De me alar, de atravessar,
As nuvens densas,
Encantado, ufano,
Entrar sem pedir licença,
Nas luzes siderais,
“Ouvir estrelas” - ser mais
Do que um mero humano.
...
Mas, o medo me devora,
E em cacos me desfaço,
Me despedaço,
Pouco a pouco,
No oco, no eco rouco,
Da palavra nada.


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SONHO MEU

Quisera eu
ter asas para voar
pelo infinito e, num grito,
romper as barreiras de aço
que fecham, pra mim, o espaço,
difíceis de atravessar.
Nessa chuva que é miúda,
algumas vezes pesada,
sinto-me qual pó - eu sou nada
apenas um mero grão
que se arrasta pelo chão
sem ter a alma lavada.
Mas o meu sonho é meu guia,
tem graça,tem cor,tem magia,
é ser alado que brilha
iluminando esta trilha
onde caminho-Esperança,
que nunca se cansa, que dança
cria luzes, pinta estrelas
para que eu possa vê-las
e tocá-las com as mãos. 
Sonho, sim - é bem mais que ilusão.

(HLuna)