APENAS UMA NOITE TRISTE
Sob o manto escuro da noite
repousa seu corpo cansado.
Lá fora o vento em forma de açoite
age como se fosse guiado.
O frio torna o quarto gélido
e apenas uma vela aquece o lugar.
Em sua visão tudo parece pálido
e na penumbra se põe a pensar.
A madrugada é longa e solitária,
até mesmo as sombras ficam entristecidas.
Nem a lua lá fora como luminária
é capaz de dar a noite a paz merecida.
Ela pensa e sonha acordada
e lastima da solidão que sente.
Conta as pedras da sua caminhada
e as lágrimas caem latentes.
Sente as mãos trêmulas de repente
e percebe que precisa dormir.
São instantes que o coração pressente
que a alma de calor precisa para se abrir.
Pobre ser abandonado e esquecido,
despido de desejos banais.
Seu tempo parece ter vencido
e na noite só o sono a satisfaz...