Um quarto de despejo.
Eu luto dia a dia atrás de dignidade.
Meus sonhos se obscurecem no meu sangue jorrado diariamente.
E na luta feroz pela sobrevivência nem vejo a vida passar.
Não há tempo para viver.
Sempre fica para depois.
Minha dignidade não existe.
Pois, que por mais que lute sou um ser humano marcado.
Sou produto da miséria de um mundo dilacerado pelo capital.
Vivo no mundo do inferno chamado dinheiro.
No meu mundo quem tem dinheiro vende a sua alma e a do seu próximo ao Diabo, mas aqueles que não tem, acabam vendendo sua saúde, seu conforto e sua dignidade ao Diabo.
Pois, que o Diabo do Capital levou minha dignidade e por mais que eu tenha lutado e batalhado por uma vida melhor, acabei jogado num quarto de despejo.
Sou como uma peça velha jogada num quintal, a diferença é que eu sou roubado e taxado a todo momento.
Triste é a dor de ter que ver sua luta jogada na sarjeta.
Triste é não ter o seu dom e seu talento pelo mundo reconhecido.
Mas, mais triste ainda é acabar num quarto de despejo, jogado como um animal sarnento, atirado as feras dos locátarios sem vergonha.
Vivo num mundo perdido onde trabalho não é sinônimo de dignidade.
Quantos bandidos tem mansão e comem salmão?
E eu nesse quarto de despejo comendo ração?
Que coisa triste, meu irmão!
Que coisa muito triste, meu irmão!
E isso é dor demais para o meu coração.
Porque no fundo eu sempre serei apenas e somente um quartinho de despejo.
Porque eu sou o resto de uma sociedade imunda e suja: suja e imunda.