O Vento que chora na noite
O vento que chora na noite
Na noite que se esvaía perpassada de ruídos medonhos
Um gelado e moribundo vento de Inverno gemia
Amortalhando mil ingratas lembranças tardias
De repelentes fantasmas, energúmenos assassinos de sonhos.
Meu gato, assustado, sentiu a atrofiada presença no ar:
Os pelos do corpo eriçados; seu miado plangente, desesperado socorro pediu.
O vento rugiu ainda mais forte; uma porta do Inferno se abriu.
Desinfetei os porões da memória, criança de colo outra vez, e em teus braços corri a me agasalhar.
Oh, vento cruel, desalmado! Oh, fantasmas sem nome, de lúbricos olhos vermelhos, de calvas luzidias, brilhantes...!
A vós outros, brado meu pedido insone: Tu que és, oh vento invernal, condutor desses miasmas, desses seres do mal
Afastai de nós outros suas mãos descarnadas, seus desejos impróprios, o seu hálito letal.
E levai, oh vento, tu que encheste de terror essa noite que finda, para as profundas de onde os trouxeste
Esses filhos bastardos da Peste, essas carcaças ambulantes travestidas de homens
Esses abutres encarquilhados, fétidos, esses seres de almas coprófagas, de moral esquelética, repugnante.
(...)
Não há como se compensar as fraturas psíquicas (E também físicas) causadas numa criança ou adolescente que haja sofrido abuso, ou tentativa, de vezo sexual. Quem sofreu abuso de tal ordem, carrega pela vida afora as marcas de tal evento, grudadas na pele, e na mente, como escarlatina.
Os autores de tais infâmias têm de se ser denunciados sempre, mesmo aqueles que se encontram dentro do seio da própria família do agredido, para que assim evitemos que esses seres repulsivos continuem a lobrigar a satisfação de seus instintos, coagindo pessoas indefesas física e emocionamente.
Terras de São Paulo, manhã de Quarta-Feira, primeira semana de Agosto de 2011.
João Bosco