Lamentos II

Como os ladrilhos do fundo desses versos que cortam meus pés

Como os fantasmas que se mostram a noite solitários vagando

Descendo ao inferno para salvar o que me resta de fértil

Tentando compreender a fome que alimenta a falta de algo

Se eu sentisse que o que me falta pudesse ser reparado tão facilmente

Sentiria alienado como todo meu corpo sempre almejou ser

Penso que criar uma nova pele sobre a que foi ferida se chama tentativa

Tentativa de reparar os gritos sufocados de tão longe que ecoam aqui perto

Tentar esquecer que tudo que eu quis,e me foi tirado no momento que senti

Seria apenas outra tentativa,fingir que as flores continuam abertas,inútil

Se meu lamento se mostrasse mais crente ao doce deixar passar do mundo

Talvez seria menos confiante as realidades que desde cedo aprendi a olhar

Penso que tudo que nos deixamos levar é apenas uma prova para sermos aprovados

Me torno a cada dia mais alma do que um corpo feito de tudo que absorve

Apenas mais uma quebra de paradigma de alguém que deseja viver fora do mundo

Lamentando as rosas que se fecharam ao longe,para dar lugar aos espinhos,que me protegerão um dia

Gabriel Dickinson
Enviado por Gabriel Dickinson em 31/07/2011
Código do texto: T3131475
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