Lamentos II
Como os ladrilhos do fundo desses versos que cortam meus pés
Como os fantasmas que se mostram a noite solitários vagando
Descendo ao inferno para salvar o que me resta de fértil
Tentando compreender a fome que alimenta a falta de algo
Se eu sentisse que o que me falta pudesse ser reparado tão facilmente
Sentiria alienado como todo meu corpo sempre almejou ser
Penso que criar uma nova pele sobre a que foi ferida se chama tentativa
Tentativa de reparar os gritos sufocados de tão longe que ecoam aqui perto
Tentar esquecer que tudo que eu quis,e me foi tirado no momento que senti
Seria apenas outra tentativa,fingir que as flores continuam abertas,inútil
Se meu lamento se mostrasse mais crente ao doce deixar passar do mundo
Talvez seria menos confiante as realidades que desde cedo aprendi a olhar
Penso que tudo que nos deixamos levar é apenas uma prova para sermos aprovados
Me torno a cada dia mais alma do que um corpo feito de tudo que absorve
Apenas mais uma quebra de paradigma de alguém que deseja viver fora do mundo
Lamentando as rosas que se fecharam ao longe,para dar lugar aos espinhos,que me protegerão um dia