SÍNDROME DO PÂNICO
TRANCADO vivo agora
em minha casa embolorada
não abro as portas
não escancaro as janelas
só deixo entrar pequenas
frestas de luz no meu lar
Fico dentro dela
asfixiando-me na minha
própria agonia
e tendo como compania
ácaros e
baratas cascudas
Meu quarto é um santuário
mórbido
espelho engordurado
lençóis manchados
teias de aranha no telhado
Minha vida foi devastada
minha casa e meu último
refúgio
tenho medo de tudo
Da vida
do mundo
nesse recinto
sinto-me salvo
no silêncio
sepulcral
sem sol
sem som
sem amigos
Medo
pavor
Salvem-me por favor
não consigo gritar
como pedir ajuda
com minha boca
muda
tudo me trás
repulsa
medo
É assim
síndrome do pânico
e com ela vou vivendo
trancado nesse cárcere privado
querendo ter liberdade
daqui fugir mais sem
conseguir