MEDO
Medo
Eu não tenho medo do escuro,
Onde nada posso ver.
Até gosto do conforto,
Do que eu não preciso saber.
Eu tenho medo é da luz,
Que revela tudo,
E eu não sei o que ela irá me dizer.
E como serão os meus dias depois...
Ah! Quatro letrinhas me consomem.
Esse substantivo tão tremulo e abstrato,
Que na minha vida se mostra tão palpável,
E me destrói.
Tenho tanto medo de errar os meus passos,
Que acabo errando e caindo.
E as mascaras que eu vejo cair,
Na verdade só mudam,
Pelo medo que tenho de mim.
E eu sinto que vou perder,
Não vou conseguir ir até o fim.
E antes de embarcar nos meus sonhos,
Meus desejos mais secretos,
Eu desabo e me acalento
No escuro que esconde tudo de mim.
Mas mesmo assim,
Faz-me poder sonhar,
E mesmo sem luz dormir.
E por medo de acordar,
Eu permaneço no escuro,
Mais uma vez fujo da luz do mundo.
E eu me pergunto:
O que é pior?
Viver na ilusão sem luz,
Ou viver na verdade?
Por medo de descobrir minha realidade
Eu venero a noite.
Sem saber que já escolhi o pior.
Eu tenho medo,
Medo de viver na solidão,
Que me iludi que a luz é ilusão.
E para não morrer na frieza da estação,
Eu viro fogo,
Para aquecer minha eterna amada escuridão.
A. Alawara Chavéz