DROGAS
Porque me dominas se quero me libertar?
Seus abraços cheiram mal, me oprimem,
Quero me afastar mas não tenho forças,
Pois todas minhas vitalidades se esvaíram,
E sou esquálida, só ossos, cadáver ambulante.
Recordo nas minhas alucinações tão loucas,
Lucidez momentânea que às vezes me atinge,
Que fui bela, corpo esbelto, sorriso de mel,
E meus cabelos esvoaçantes uma flor ali morou,
Que a brisa suave espalhava seus perfumes.
Vi minha infância onde fui uma linda bailarina,
Equilibrando na ponta dos pés o corpo gracioso,
E quando a música me convidava para dançar,
Deleitava plateias e meus pais se encantavam,
Pois a filha tão graciosa deslizava bem suave.
Um dia uma pequena pedra pediram para cheirar,
Colocando nela uma chama até tendenciosa,
Pois é ela que desperta as maldades ali contidas,
E a fumaça penetrou fundo na minha sensibilidade,
Causando euforias que me deixaram alucinada.
Prazeres momentâneos que logo se dissipam,
Mas pedem outras para novamente despertar,
E assim o vício foi aos poucos me dominando,
Até que o crack tão sujo entoou sua vitória,
Pois um corpo bonito deixou então em trapos.
Meus pais aos poucos foram perdendo a vida,
Pois a filha de seus orgulhos já não mais existiu,
E mesmo lutando contra todas as adversidades,
Era a guerra mais perversa que já enfrentaram,
Pois destrói famílias que perdem até seus bens.
Sou uma ambulante que procura até os lixos,
Quando a fome me espreita para me matar,
E se não tenho mais bens que até roubei,
Entrego meu corpo para ganhar alguns trocados,
E nos delírios enganosos entrego meu destino.
15-07-2011