Anoitecer.

A luz desmaia num fulgor d'aurora,

Diz-nos adeus religiosamente..

E eu, que não creio em nada, sou mais crente

Do que em menina, um dia, o fui.. outrora..

Não sei o que em mim ri, o que em mim chora

Tenho bênçãos d'amor pra toda a gente!

Como eu sou pequenina e tão dolente

No amargo infinito desta hora!

Horas tristes que são o meu rosário..

Ó minha cruz de tão pesado lenho!

Meu áspero e intérmino Calvário!

E a esta hora tudo em mim revive:

Saudades de saudades que não tenho..

Sonhos que são os sonhos dos que eu tive...

Autoria: Florbela Espanca.

Flor Bela de Alma da Conceição
Enviado por Flor Bela de Alma da Conceição em 14/07/2011
Reeditado em 16/08/2011
Código do texto: T3093953
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