Pedras sobre mim. (lamento de um sertanejo na cidade)
Noite de orgias impuras,
em meio a avenidas e, amedrontado,
vivo uma triste amargura.
De bares e cabarés arrodeado
e ao amanhecer,
o dia é assombroso e cinzento.
ouço atribulado, o ranger,
dos automóveis em movimento.
Os colossais arranha-céus enfileirados,
erguidos num chão só de concreto,
fere ainda mais meu coração machucado...
Desconfigurando os sentimentos discretos.
Aqui os jardins não tem flores...
Os lares não tem vidas...
As vidas não tem amores
e as paixões são divididas.
Se porventura, um pássaro ouço,
é doloroso e triste o seu canto.
Pressinto o desespero e o desejo,
de voar pra longe rumo ao campo,
de verdes matas e verdes colinas,
de estradas boiadeiras,
casarões, colônias e minas,
mil cascatas e corredeiras...
Mas, agora é tarde...
Nem sol, nem campo, nada enfim.
O sofrimento aumenta e arde.
Sofro e choro as pedras sobre mim.