Penumbra
Sinto nas sombras, minha alma a se esfacelar
Meu corpo a esmorecer
E minha vida, enfim, a se esvair.
Será o fim?
Todas as dores começam a findar-se
Os conflitos de outrora, agora não passam de uma lembrança
Mais uma vez eu pergunto:
Será o fim?
Nas minhas últimas forças esmero-me em fechar minhas têmporas
As pupilas, agora não retêm mais uma luz que retenha vida
Os primeiros passos da morte já são visíveis
Acredito ser o fim
Mas, então por que continuo a sentir esta dúvida diante das certezas?
Eis que no último segundo,
No último suspiro, antes do corpo desabar perante a exaustão
Vejo num átimo de segundo, comprimido pelas ondas do tempo
Aquela que hei de me libertar,
E ela sem nada saber, age num solilóquio único e sagaz, fazendo a mais simplória
E, no entanto, mais bela das ações:
Ri
E o pulso volta a pulsar...
Andarilho das sombras