Hoje fiquei sabendo dos seus beijos em outra pessoa. Que escancarou o seu desejo numa cena explícita de carinho e afronta. Que carregou em seus braços o peso bom de um novo amor.
 
Hoje eu rememorei o dia em que você foi embora... Das suas palavras consternadas, dos gestos compenetrados, das intenções incertas, dúbias. Lembrei da porta que se fechava enquanto me dizias palavras de fraqueza e enchia-me duma jura ordinária e raquítica de que voltaria em tempos melhores. No tempo da fartura...
 
...Eu fiquei na miséria com fome de você.
 
Hoje eu pensei na vida que morre vítima duma injustiça crônica e nos obriga a batalhar o pão que o diabo amassou, pisoteou e rejeitou. Uma vida agonizante que arranca das nossas vísceras a força arrefecida e nos sujeita a dramatizar a comédia romântica quando na vida real o drama é rasgado e putrificado e fedido como um corpo em missa de exéquias.
 
Eu tenho fome e também sede... Estou cativo em você. Mas, ninguém veio me visitar...
 
Chorei. Sonhei. Desejei. Esperei. Mentalizei. Morri. Ressuscitei e chorei mais um tanto. Parei com o pranto, me esquecendo de você!
 
Sacanagem! Você escarrou na boca que confessou palavras sagradas, que entoou os cânticos dos cânticos. Não te absorvo do peso da heresia... Não há indulgência pra quem apedrejou disponível amor.
 
Hoje eu sinto uma gastura aqui dentro... Deve ser uma dor assassina. O que eu faço com ela?!!!

 



Imagem - Fonte: Google

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Toni DeSouza
Enviado por Toni DeSouza em 08/07/2011
Reeditado em 08/07/2011
Código do texto: T3082114
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