Para o depois.
Para o depois.
Decantei o óbvio,
veja só...,
que dó, que nó.
Para ver,
ainda viver,
para ter em que crer.
Não sustento loucuras, mais,
soçobrei a alma,
desencantada alma,
pura que foi,
de sonhos depois,
depois do ontem,
que éra-me,
que amparava-me,
que preparava-me,
para os dias,
para o depois.
Depois veio o depois,
pois, pois...
Vida retilínea,
chata,
linear.
Na boca, ataduras,
caminho para a loucura,
já não é mais pura,
perdeu-se a doçura,
a candura,
o sonho já é enfadonho.
Para ver e para crer,
que depois veio o relogio,
marcando o ódio,
de lá para cá,
daqui para lá,
contando os dias,
matando as noites,
ainda são açoites,
agora doces...
Doces ?
Pois sim...
Que parece tudo entre-amargo,
De verdade, sem gosto.
Assim é depois,
assim viver,... é demais,
digo,
de menos,
é ópio,
é veneno,
é contra-veneno,
é preciso ópio.
Por isso o ódio,
de viver o óbvio.
Teobaldo Mesquita