Para o depois.

Para o depois.

Decantei o óbvio,

veja só...,

que dó, que nó.

Para ver,

ainda viver,

para ter em que crer.

Não sustento loucuras, mais,

soçobrei a alma,

desencantada alma,

pura que foi,

de sonhos depois,

depois do ontem,

que éra-me,

que amparava-me,

que preparava-me,

para os dias,

para o depois.

Depois veio o depois,

pois, pois...

Vida retilínea,

chata,

linear.

Na boca, ataduras,

caminho para a loucura,

já não é mais pura,

perdeu-se a doçura,

a candura,

o sonho já é enfadonho.

Para ver e para crer,

que depois veio o relogio,

marcando o ódio,

de lá para cá,

daqui para lá,

contando os dias,

matando as noites,

ainda são açoites,

agora doces...

Doces ?

Pois sim...

Que parece tudo entre-amargo,

De verdade, sem gosto.

Assim é depois,

assim viver,... é demais,

digo,

de menos,

é ópio,

é veneno,

é contra-veneno,

é preciso ópio.

Por isso o ódio,

de viver o óbvio.

Teobaldo Mesquita

Teobaldo Mesquita
Enviado por Teobaldo Mesquita em 02/12/2006
Código do texto: T307575