SONHOS PERDIDOS

A passagem, a paisagem, o norte de Minas,
O noturno, o lume enfumaçado das lamparinas.

As lágrimas secas, os olhares, os ares de tristeza,
O corpo magro estendido sobre a mesa.

A porta aberta para os poucos companheiros,
O afeto, os gestos do adeus derradeiro.

As rezadeiras, o terço, o lamento, o sentido...?
A promessa de um paraíso dos escolhidos.

Brasileiro! cancioneiro, sonhador,
Fincou raízes, semeou numa terra sem cor.

Inaugurou tantas manhãs com afãs de liberdade,
Passou a vida inteira profetizando a bondade.

E agora recebe o passa porte, o abraço consorte,
Veste-se de trapos para absoluta morte.