Desculpe se estou assim...

Continuo aqui

sob a mesma lápide

onde a luz do sol não pode alcançar

as sombras acolhem-me com tanto carinho

A cada segundo

vou tentando esconder este meu desejo insano de morrer

pois aqui, aonde estou, escondido de tudo e de todos

Sinto-me seguro

Não espero que alguém venha me salvar

vou deixando o tempo matar a mim mesmo e ao meu sofrimento

Não espero que alguém olhe em meu olhos sem vida

e consiga ver minha alma sangrando e morrendo

Desculpe se estou assim...

Sem esperança, sem amor e sem vida

É que tentei matar a mim mesmo

Em busca de matar a minha dor

Meu lar é meu túmulo

Onde meu corpo jaz a penumbra da noite

A luz do anoitecer

Banha com louvor minha dor e meu sofrimento

que dormem ao pé do calvário

Assim...

Dando-me um pouco de paz

Mesmo que só por uma noite

Mas dando-me um pouco de paz

Fazendo com que eu me sinta vivo

Mesmo sabendo que nada aqui dentro...

Está realmente vivo, talvez morto ou apenas em um coma profundo

Nesta noite a dor parece não existir

A fraca luz da lua me da coragem de sair daqui

pois sei que tudo o que me atormenta está descansando

Mas sei que não posso me da o prazer de descansar

Pois se o fizer

Tudo irá se rebelar contra mim

E não terei forças para reagir

Pois inerte irei estar

Neste meu adormecer sem fim

Que por estranho que pareça

Será mesmo o fim

O fim de quem realmente sou

ou do que tanto desejei ser...