As Minhas Ilusões.

Hora sagrada dum entardecer

De Outono, à beira-mar, cor de safira,

Soa no ar uma invisível lira ...

O sol é um doente a enlanguescer ...

A vaga estende os braços a suster,

Numa dor de revolta cheia de ira,

A doirada cabeça que delira

Num último suspiro, a estremecer!

O sol morreu ... e veste luto o mar ...

E eu vejo a urna de oiro, a balouçar,

À flor das ondas, num lençol de espuma.

As minhas Ilusões, doce tesoiro,

Também as vi levar em urna de oiro,

No mar da Vida, assim ... uma por uma...

Autoria: Florbela Espanca.

Flor Bela de Alma da Conceição
Enviado por Flor Bela de Alma da Conceição em 01/07/2011
Reeditado em 16/08/2011
Código do texto: T3068312
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