NO DESERTO DA ALMA
Saltam versos tristes e ecoam
no recôndito do meu coração
feito sussurro da brisa que, lânguida,
revolve os teus cabelos indiferentes
No ar, débeis melodias lúgubres
que se transformam em lâminas afiadas
e avançam fundo n'alma rasgando,
destruindo, amalgamando dor e angústia
Arde melancolia e consome as entranhas
desse poeta perdido nas brumas de gélida
e incomensurável tristeza mórbida,
cujas garras já lhe foram cravadas sem dó!
Quero sorrir, anseio festejar e cantar,
todavia parece que a tenaz da morbidez
fecha-me os lábios e uma vasta sombra
melancólica cobre-me e turva-me os olhos
Busco e encontro na poesia o oásis
nesse deserto da vida humana,
através do qual é saciada a sede da alma
por onde andarão as palavras de minha inspiração