Tortura.

Tirar dentro do peito a Emoção,

A lúcida Verdade, o Sentimento!

— E ser, depois de vir do coração,

Um punhado de cinza esparso ao vento!...

Sonhar um verso de alto pensamento,

E puro como um ritmo de oração!

— E ser, depois de vir do coração,

O pó, o nada, o sonho dum momento!...

São assim ocos, rudes, os meus versos:

Rimas perdidas, vendavais dispersos,

Com que eu iludo os outros, com que minto!

Quem me dera encontrar o verso puro,

O verso altivo e forte, estranho e duro,

Que dissesse, a chorar, isto que sinto!...

Autoria: Florbela Espanca.

Flor Bela de Alma da Conceição
Enviado por Flor Bela de Alma da Conceição em 27/06/2011
Reeditado em 16/08/2011
Código do texto: T3060234
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