Morte Lenta
Aqui estou, nas sombras, sozinho
não há outros urubus neste ninho
me acostumo á toda esta eterna escuridão
jantando frios raios lunares na minha solidão
Não tenho sequer um amigo ao lado
alguém que confesse o seu pecado
e tudo é de uma negritude impenetrável
Saio as ruas: estou exausto e depressivo
choro oxigênio com hidrogênio sem motivo
e a vida me parece intragável
As leis eternas da biologia vem abater-me
para ela eu nunca me preparo
quase que sinto o preciso faro
de qualquer um desses nojentíssimo verme
olho para o lado e vejo as colonias de bactéria
funestamente desejando atacar toda a matéria
deste meu corpo que me era um dia tão precioso
Acabo-me em litros de sangue e pus no lodo
presas necrofágicas roeram meu corpo todo
no fim só resta o ranger constante de meu osso!