Um dia pra se esquecer

Hoje eu me odeio

Queria eu que minhas navalhas funcionassem como as dos outros

“Uma volta, um amigo, um bom filme … vai passar.”

Nada passa, não pelo tempo suficiente da calma

Por que é tão difícil estar comigo, e me adotar junto a todos?

Minha mente se vangloria por não se preocupar

Às vezes, mal sabendo que o melhor seria não se julgar

Preciosismo dos conflitos, em se acharem tão importantes

Tão intensos quanto é verdade que o sangue corre

Tão mentirosos quanto é complicado deitar-se sobre a cama suja

Bobos e maldosos, mas tão meus

Caminho tortuoso, é esse mesmo

É o que ninguém quer …

É o que ninguém precisa …

E o que me jogam na cara que escolhi

Como se no começo de tudo, antes das falhas

Lá quando ainda fazia sentido me afastar da destruição

Eu tivesse carimbado o destino, dizendo a mim mesmo:

“Eu gosto da dor”

Por favor …

Dessa vez não

O dia de hoje merecia uma bomba

Preferiria vê-lo morrer calado

A me importunar assim, em horas e minutos doentes

Sombrios, e tão precisos de esquecer

Nem álcool

Nem nada

Quem sabe o sono …

Quem sabe um outro dia

Quem sabe?

Tudo anda tão escuro

Que dá medo de pensar em abrir os olhos.

Daniel Sena Pires – Um dia pra se esquecer (19/06/2011)