Sabe que me bateu uma depressão agora...
Sabe que me bateu uma depressão agora...
Estava até feliz. Ajudei até uma vida a não se entregar a morte.
Mas quem acabou se entregando aos sentimentos do choro
Fui eu.
Caí, então, na exatidão de que sou sozinho no mundo.
Não vejo ninguém. Ninguém quer me dar um ombro.
Ninguém quer me dar um abraço.
Sinto o arrepio em minha pele. Vi que vivo o doce sabor amargo.
Sou tão ácido que eu mesmo me corroo.
Nem sei o que fiz para vida, mas sinto que eu que pago o pato.
Eu sou a bucha que ilustra, mas não tira as manchas já contidas.
Eu sou as manchas contidas.
Sempre ajudo as pessoas, mas quando preciso delas...
Ah, quando eu preciso... Caio em prantos.
Caio de joelhos curvados num chão cheio de atritos.
Caio entre os espinhos e sou chicoteado.
Sou chacoteado pelos meus poucos princípios existentes.
Eu sou aquele que vive nas margens e esta prestes a pular.
Amarro um pedaço de corda em uma pedra e outra em meus pés, pois, do penhasco, irei me jogar.
Só espero o tempo certo. Pelo menos o chão irá me abraçar.
Espero que as cavidades irregulares me aceitem pelo menos.
Espero ser aceito em algum lugar.
Já fui a uma seita, mas rejeitaram o meu estilo de loucura.
Eu sou a prova mais pura de que ser louco é louco.
Mas minha loucura fez perceber que é tudo uma ilusão.
Vi que todos que eu achava que me admiravam eram ilusões.
Quando caí na realidade, percebi que eu já estava em estado de morte.
Talvez eu seja a morte.
Posso ser qualquer coisa que se resuma a solitário.
É extraordinário como essa palavra se encaixam em meu corpo,
Pois eu a visto.
É minha manta - não sei se é sagrada,
Mas ela é a única coisa que me resta,
Pois os restos esqueceram-se de mim.
Me ignoraram quando mais eu precisei.
Apenas queria um sorriso, um abraço e, quem sabe, um beijo.
Eu só queria contemplar olhares que me admiram.
Será que isso é tão difícil assim? Eu só queria acreditar nisso.
Fui um rato de laboratório. Me usaram e depois me dispensaram.
Isso dói tanto... É como se estivesse tirando uma parte mim.
Tiraram o meu sorriso.
Tiraram o meu grito.
Só não tiraram a depressão que sinto agora.