Acordo em teu Jardim.

Tudo passou tão rápido

Que a flor posta no vaso ainda não teve tempo de morrer;

Vive e é um pedaço de ti me habitando;

E habitando um espaço comum ao nosso.

É um pouco do teu amor deixado como lembrança...

É tua alma suavizando partida.

Deixou saudade...

Deixou caminho...

Quem me dera não ter esse vago descoberto em meu peito.

Quem me dera não ter essa ferida que só martela dor.

Quem me dera não ter essa flor que te recorda

E rememora a sutileza do teu existir.

Queria apenas tê-la ao meu lado.

Deixou-me uma flor...

Uma flor que, inconsciente, traz-me um desejo de partir;

De abandonar tudo e fugir... Fugir!

Um desejo de abandonar a vida e até o profundo desejo de abandonar,

Então, não abandono nada!

Deixou-me um beijo eternizando vida!

Deixou-me um beijo: o abrir da ferida!

Ah! Uma flor!

Uma flor e um beijo: maldita combinação!

É como se a noite me abraçasse e me carregasse pelos caminhos vários do anoitecer...

É o desejo absoluto dos corpos deixado como símbolo de esquecer...

É como um sonho tomando forma e consumindo;

Atraindo os ventos dançantes das noites de primavera...

Me engano e me torno cada vez mais eu!

Mais seu... mais seu.

Deixo mais um instante o meu corpo em teu corpo

E a separação faz-se tão dolorosa quanto à primeira;

E a dor rasga o peito e rasga a alma:

A dor Sufoca, faz ébrio, não traz calma,

Então, deito-me e a cama faz-se em cinza!

Cubro-me e o lençol é um manto de fogo!

Sinto-me e o ar me traz mistérios...

E o ar é carregado por rosas!

E o aroma me indaga sonhos, noites prazerosas!

E o devaneio faz-se momento!

Torno-me lembrança acordando em teu jardim.