Eu pensei que toda poesia serviria um dia
Como um canto de se buscar esquecimentos
Para o tédio desses momentos de impasse
Que seria um remédio que por ora anestesia
Até que passe a dor daqueles sentimentos
Que eram prazer de viver e tanta alegria
E que agora angustia esperar que passe
Se passar fizesse virar apenas fantasia
A tortura das lembranças que não teria
Se tanto assim eu nunca mais amasse...

Se eu aquietasse minha alma, não sofreria
Não sentiria esse peso das horas todo dia
Nem a vida vazia enredada nesse impasse
Que não haveria mais se eu não amasse

Mas eu sei tão bem odiar tanto essa dor
O horror do vazio de que é feita a solidão
A imensidão do deserto que percorro por amor
E todo o silêncio que ainda resta na imensidão
O absurdo de ser a mesma coisa o amor e a dor

Não! Nenhum lirismo que haja me acalenta
Nenhuma esperança assim tão tola me sorri
Inventa uma força que toda essa dor aguenta
E nenhuma lembrança me diz quando morri
Talvez aqui dentro onde o silêncio não se sustenta
Ou talvez mais distante: lugar nenhum para onde fugi
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 05/06/2011
Reeditado em 19/05/2021
Código do texto: T3016493
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