COISAS PÚTRIDAS

Percorrem estas pútridas ruas

Cadáveres de almas,

Esquecidas pela vida

Em suas lembranças nuas.

Enlameiam-se pútridos governantes

Na riqueza advinda da dor,

Gozando de sua glória suja

Sobre mãos feridas que expõe todo horror.

Pululam economias pútridas

Em paises que germinam a morte,

Nos rasos pratos dos miseráveis

Apenas vãs esperanças estúpidas.

Engendram no escuro, pútridos planos

Que distorcem a realidade,

Semeando nos campos as sementes

Que só vão alimentar a vaidade.

Lábios pútridos beijam

Corpos pueris de seres infantis,

Nestas noites de imundas transações

Em que pequenas existências se aleijam.

Roem nas infames latas de lixo

Nos restos pútridos da nação,

Ratos humanóides perdidos

Que alimentam sua contínua desilusão.

Renego estes pútridos prazeres,

Abjuro das corruptas imposturas,

Cuspo na falsa e podre caridade,

Renuncio às putrefatas ditaduras.

Enquanto perseveram as coisas pútridas

Vão-se aliciando as vidas,

À toda e qualquer obtusidade se rendendo,

E esquecendo-se nos cantos escuros

[as verdades decaídas].

1/05/2006