Fome

Fome

Os olhos suplicantes

Perdem-se no vazio

Da panela edo fogão frio

A lágrima que agora

Cai no colo é vermelha

Antes era branca, tinha leite

O choro que vem do berço

Atravessa-lhe o peito

Como uma peixeira em brasa

Uma mão cheia de calos

Agora balança o berço

A outra espreme o seio vazio

As lagrimas que brotam dos olhos

São agora o néctar

Que ilimenta sua cria

Até quando esta fonte ira sangrar?

Igual as cacimbas do tabuleiro,

Que dão água até esturricar?