Incesto
A pena com pena de meu instante
anima instintos não animais;
acena à cena que fulge adiante
a mata que mata, a fome dos cardeais
Aponte o caminho que leva à ponte
anexo um argumento no qual há nexo,
atente às opções que há, tente,
cubra a nudez, cubra o sexo.
Ágora vazia no silêncio de agora,
o corpo lasso, não cai no laço;
diz, curso livre ao discurso lá fora,
o paço convida e eu não passo.
Época que a inspiração é pouca
traz o poeta pra parte de trás,
tempera a vida a têmpera louca,
no justo retiro que um justo faz.
Guarda trastes com ares tristes,
contem outros, o que a vida contém,
arrede a rede onde dormistes,
a fada do poeta fadado ao desdém.
A mor sina de esfriar o amor,
pro texto indiferente, eis o protesto;
amador pero não ama a dor,
só lhe dão uma irmã, solidão; incesto.