O quarto e seus vícios
Do nada, o escuro
Sabe aquela hora em que está tudo indo bem?
Não que a perfeição tenha feito morada em ti
E nos teus contatos, e nos teus domínios
Mas estás tranquilo, e consegues fechar os olhos
E ter vontade de abri-los
Não que tudo dê sempre certo
E nem que dê sempre errado
Mas as tendências apavoram, as angústias policiam
A mente espreita, mas mesmo assim …
Estás gostando do filme, da comida, da música no rádio
Da companhia que nem esperavas
Eu juro com todo o poder que essa palavra impõe
Que a melhor coisa no mundo, seria se eu estivesse errado
Sempre, e agora … muito provavelmente daqui a alguns minutos ainda
Mas não por gostar de falsidade
Ou procurar ser a atenção central
Longe disso, e de mais … e de tudo, se puder
É que eu tenho tanta certeza de que vai doer
Que me assusta
Mesmo certo, me assusto
Por que é de doer, é de assustar
E o que fica passível de conhecimento
Perde o sentido, simples assim … mas quem entende?
Sei que o que sinto jamais usará de força com você
Bradei hoje pela manhã que falho
Cantei pelo horário do almoço que não vivo
À tarde soletrei todas as letras que me lembram a vida
E já cochichei pela noite que força eu tenho
Usá-la predispõe motivo
O que te é mostrado como ócio
Falta … de disciplina e de agradecimento
Vício de usar e não usar
É algo que está na pele
Nos sentimentos
No ambiente
E assim como tu respiras
Eu também respiro
Mas tem dias que não quero.
Daniel Sena Pires - O quarto e seus vícios(28/05/2011)